4 de maio de 2006

Sessão de sábado


Sessão de cinema, Shopping Barra, tarde de sábado. Quem se lembra das tardes de sábado do Shopping Barra, como eu, certamente deve evitar ir ao cinema por lá até hoje. Além de todo o barulho dentro da própria sala, havia ainda todo o barulho da praça de alimentação que fica bem do lado de fora, cortesia de um sistema de isolamento acústico que simplesmente inexistia (acho que inexiste até hoje... não saberia dizer, não vou ao cinema no Shopping Barra). Pois era nesse ambiente de total algazarra que o Arthur, um colega da faculdade, foi assistir a um filme, acompanhado por alguns amigos. Estavam sentados todos em uma mesma fila, esperando calmamente o começo do filme e aturando as idiotices que adolescentes e crianças costumam fazer nestas circunstâncias, na esperança de que, como sempre, as coisas se acalmassem quando o filme propriamente dito começasse. E, de fato, a sala se aquietou quando começou o filme. Todos, exceto um. Um imbecil, para ser mais exato, daqueles que ficam gritando “eita, eu vi a língua” quando o mocinho beija a mocinha, “passa a mão na bunda dela” e outras pérolas do gênero. Indignado, o Arthur se curva à frente e cutuca o ombro do palerma, um tipo fortinho e tirador de onda:
- Ô, amigo, está difícil ver o filme assim, será que dava para você falar um pouco mais baixo?
- E quem é que vai me fazer falar baixo? É você? – foi a resposta que o cretino deu.
- Não, sou eu, ele, ele, ele, ele, ele, ele, ele, ele e aquele último lá do fundo – respondeu o Arthur, apresentando ao idiota seus colegas de caratê, inclusive um ex-campeão do Norte-Nordeste. Uns caras enormes, mas todo mundo tranqüilo, de boa paz, como reza o bom caratê. Nada fizeram, nada disseram, apenas foram se levantando à medida em que o Arthur os mostrava.
A resposta, como seria de se esperar, não veio. Sem palavras, o sujeito limitou-se a acenar afirmativamente com a cabeça quando o Arthur perguntou se poderia sentar e ver seu filme em paz. Uma salva de palmas, merecidas, foi ouvida na sala. O capadócio escapuliu do cinema, covarde que era, na primeira oportunidade que teve. E ainda teve que ouvir um cacarejo de galinha quando passava pelo corredor, só para comprovar o que eu digo: sempre tem um debochado...

Quem é doido de ir cinema para ficar conversando ou gritando bobagens enquanto o filme passa?

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