30 de maio de 2006

Pitacos de F-1 – A volta do Dick Vigarista


Ele voltou! Quem achava que o lado Dick Vigarista do Schummi tinha sido devidamente dominado após a lambança que ele fez em 97, com o Villeneuve, se deu mal. Não é que o Dick Vigarista voltou? Voltou mais Dick Dissimulado do que Vigarista, mas voltou. Só mesmo um sujeito muito, mas muito ingênuo para acreditar que um cara que é 7 vezes campeão do mundo faz uma barbeiragem daquelas digna de piloto japonês. Schummi está de volta à boa forma, motivado e com uma gana enorme de vencer, alimentada pelo bom desempenho da Ferrari no começo da temporada. Mas nada justifica o que ele fez no sábado, uma atitude infantil e amadora, de deixar o carro estacionado na entrada da Rascasse para prejudicar quem vinha atrás, Alonso, no caso, com uma volta voadora. Mesmo que ele não seja mesmo culpado, que tenha sido um acidente, que o Schummi tenha recebido rapidamente o espírito de Satoru Nakajima e feito besteira, ele que me desculpe, mas se não foi pelo presente, ele pagou pelo passado. Talvez os 7 campeonatos amealhados pelo alemão tenham feito mal à memória de muita gente, mas eu não me esqueço de como ele ganhou o primeiro título da série. Só para lembrar, ele cometeu um erro, saiu da pista com a suspensão de seu Benetton destruída e, para não perder a viagem, deu um jeito de voltar e acertar o carro de Damon Hill, que vinha logo atrás e seria campeão com a desistência de Schumacher, tirando-lhe o título de forma nojenta, antidesportiva e totalmente reprovável. Até hoje não entendi como a FIA não puniu o alemão de forma exemplar naquela ocasião, talvez até mesmo suspendendo-o por uma temporada inteira. Como não puniu, ele se sentiu suficientemente encorajado a tentar repetir a manobra três anos depois, em cima de outra Williams, dessa vez pilotada por Jacques Villeneuve. Nessa segunda, ele se deu mal e Villeneuve conquistou aquele que seria seu único título na F-1. Agora, pela terceira vez, ele tenta algo semelhante e, pela primeira vez, é punido. Mérito de Flavio Briatore? Quem sabe? Mas o fato é que ele pagou. Se não pelo erro presente, pelos erros passados. Mas o título de 1994, que deveria ser de Damon Hill, esse não tem volta, mesmo. Assim como o de Senna, roubado pela dupla de pilantras Prost-Balestre em 1989. Coisas de corrida...

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Quando o assunto é malandragem, o próprio Senna não era nenhum santo. Um bom exemplo é a "vingança" pelo acidente de 89, em que ele bateu com o Prost de propósito e ganhou o campeonato, um ano depois. Em Salvador, muita gente se lembra de tê-lo visto na pista do saudoso kartódromo do STIEP disputando uma edição do campeonato brasileiro e dando “totós” nos carros da frente para abrir caminho. O comentário era geral de que o cara era sujo, batia de propósito e parecia achar um absurdo ter outro piloto à sua frente. Anos depois, em Mônaco, nos tempos de Lotus, Senna costumava passear pela pista, lentamente, após cravar o melhor tempo. Dizia ele que era para “ajustes de corridas” quando foi repreendido pela FIA, mas todo mundo sabia qual era a real intenção dele...

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Voltando a Mônaco, na pista Schumacher mostrou porque tem sete títulos e fez uma corrida que dá o que pensar. Saindo de último, chegou em quinto, provando que definitivamente não precisa apelar para truques, basta ser Michael Schumacher. E não tenho a menor dúvida de que, apesar de tudo o que se apregoou sobre o Burrinho Barrichello, tivesse a corrida mais duas ou três voltas e Schumacher passaria o brasileiro. Por cima? Talvez, mas que passaria, passaria. Uma diferença de desempenho gritante em relação à outra Ferrai, a do Massinha, que teve uma corrida apagada desde a batida nos primeiros minutos de treino e vai ter que começar a reagir se quiser continuar na Ferrari. Felipe, Felipe... eu apostei em você, rapaz... não vá me deixar mal, hein?

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Aliás, o que dizer de um piloto que perde o primeiro pódio pela nova equipe porque foi estúpido o suficiente para esquecer de apertar o botão de controle de velocidade nos pits (ou apertou errado, segundo versão oficial, desarmando ao invés de armar o sistema)? Por essas e outras, sou um ferrenho defensor da aposentadoria de Burrinho Barrichello. Chega, já deu, vá tentar enganar outra freguesia, porque aqui não cola mais. Esquecer de apertar o botão é simplesmente primário. Até um macaco, se bem treinado, aperta botões... E depois ele fica putinho com o Piquet porque o bom e velho Nelson não tem medo de falar a verdade, ainda que esta o faça parecer antipático. Se é por falta de adeus, Burrinho, até logo, tchau, já vai tarde... Se o resultado foi razoável, deve ter sido culpa do capacete do Tony Kanaan, que ele usou em Mônaco... Tony que, aliás, perdeu as 500 Milhas de Indianápolis nas últimas dez voltas usando o capacete de... de... adivinhou, né? O azar do cara é contagioso...


Quem é doido de achar que o Burrinho Barrichello é piloto?

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