30 de maio de 2006

Superman




Quem protagonizou um dos momentos mais marcantes do GP de Mônaco deste ano não foi um dos pilotos, mas Christian Horner, diretor esportivo da Red Bull. Horner parecia sentir que o clima no principado era favorável a sua equipe. Tanto que fez uma promessa: se a equipe fizesse um pódio, ele pularia na piscina da área VIP da Red Bull. Com um detalhe: nu! O pódio veio, cortesia de David Coulthard. E, como promessa é dívida, ele teve que cumprir. Sorte a minha e dos meus 13 leitores que neste fim de semana a Red Bull correu com as cores e os uniformes do Superman e tinha uma capa vermelha sobrando por lá. Senão, não dava para ilustrar este post...

É, Christian, definitivamente, Red Bull te dá asas...

Quem é doido de fazer uma aposta dessas... e ganhar?

Pitacos de F-1 – A volta do Dick Vigarista


Ele voltou! Quem achava que o lado Dick Vigarista do Schummi tinha sido devidamente dominado após a lambança que ele fez em 97, com o Villeneuve, se deu mal. Não é que o Dick Vigarista voltou? Voltou mais Dick Dissimulado do que Vigarista, mas voltou. Só mesmo um sujeito muito, mas muito ingênuo para acreditar que um cara que é 7 vezes campeão do mundo faz uma barbeiragem daquelas digna de piloto japonês. Schummi está de volta à boa forma, motivado e com uma gana enorme de vencer, alimentada pelo bom desempenho da Ferrari no começo da temporada. Mas nada justifica o que ele fez no sábado, uma atitude infantil e amadora, de deixar o carro estacionado na entrada da Rascasse para prejudicar quem vinha atrás, Alonso, no caso, com uma volta voadora. Mesmo que ele não seja mesmo culpado, que tenha sido um acidente, que o Schummi tenha recebido rapidamente o espírito de Satoru Nakajima e feito besteira, ele que me desculpe, mas se não foi pelo presente, ele pagou pelo passado. Talvez os 7 campeonatos amealhados pelo alemão tenham feito mal à memória de muita gente, mas eu não me esqueço de como ele ganhou o primeiro título da série. Só para lembrar, ele cometeu um erro, saiu da pista com a suspensão de seu Benetton destruída e, para não perder a viagem, deu um jeito de voltar e acertar o carro de Damon Hill, que vinha logo atrás e seria campeão com a desistência de Schumacher, tirando-lhe o título de forma nojenta, antidesportiva e totalmente reprovável. Até hoje não entendi como a FIA não puniu o alemão de forma exemplar naquela ocasião, talvez até mesmo suspendendo-o por uma temporada inteira. Como não puniu, ele se sentiu suficientemente encorajado a tentar repetir a manobra três anos depois, em cima de outra Williams, dessa vez pilotada por Jacques Villeneuve. Nessa segunda, ele se deu mal e Villeneuve conquistou aquele que seria seu único título na F-1. Agora, pela terceira vez, ele tenta algo semelhante e, pela primeira vez, é punido. Mérito de Flavio Briatore? Quem sabe? Mas o fato é que ele pagou. Se não pelo erro presente, pelos erros passados. Mas o título de 1994, que deveria ser de Damon Hill, esse não tem volta, mesmo. Assim como o de Senna, roubado pela dupla de pilantras Prost-Balestre em 1989. Coisas de corrida...

*****

Quando o assunto é malandragem, o próprio Senna não era nenhum santo. Um bom exemplo é a "vingança" pelo acidente de 89, em que ele bateu com o Prost de propósito e ganhou o campeonato, um ano depois. Em Salvador, muita gente se lembra de tê-lo visto na pista do saudoso kartódromo do STIEP disputando uma edição do campeonato brasileiro e dando “totós” nos carros da frente para abrir caminho. O comentário era geral de que o cara era sujo, batia de propósito e parecia achar um absurdo ter outro piloto à sua frente. Anos depois, em Mônaco, nos tempos de Lotus, Senna costumava passear pela pista, lentamente, após cravar o melhor tempo. Dizia ele que era para “ajustes de corridas” quando foi repreendido pela FIA, mas todo mundo sabia qual era a real intenção dele...

*****

Voltando a Mônaco, na pista Schumacher mostrou porque tem sete títulos e fez uma corrida que dá o que pensar. Saindo de último, chegou em quinto, provando que definitivamente não precisa apelar para truques, basta ser Michael Schumacher. E não tenho a menor dúvida de que, apesar de tudo o que se apregoou sobre o Burrinho Barrichello, tivesse a corrida mais duas ou três voltas e Schumacher passaria o brasileiro. Por cima? Talvez, mas que passaria, passaria. Uma diferença de desempenho gritante em relação à outra Ferrai, a do Massinha, que teve uma corrida apagada desde a batida nos primeiros minutos de treino e vai ter que começar a reagir se quiser continuar na Ferrari. Felipe, Felipe... eu apostei em você, rapaz... não vá me deixar mal, hein?

*****

Aliás, o que dizer de um piloto que perde o primeiro pódio pela nova equipe porque foi estúpido o suficiente para esquecer de apertar o botão de controle de velocidade nos pits (ou apertou errado, segundo versão oficial, desarmando ao invés de armar o sistema)? Por essas e outras, sou um ferrenho defensor da aposentadoria de Burrinho Barrichello. Chega, já deu, vá tentar enganar outra freguesia, porque aqui não cola mais. Esquecer de apertar o botão é simplesmente primário. Até um macaco, se bem treinado, aperta botões... E depois ele fica putinho com o Piquet porque o bom e velho Nelson não tem medo de falar a verdade, ainda que esta o faça parecer antipático. Se é por falta de adeus, Burrinho, até logo, tchau, já vai tarde... Se o resultado foi razoável, deve ter sido culpa do capacete do Tony Kanaan, que ele usou em Mônaco... Tony que, aliás, perdeu as 500 Milhas de Indianápolis nas últimas dez voltas usando o capacete de... de... adivinhou, né? O azar do cara é contagioso...


Quem é doido de achar que o Burrinho Barrichello é piloto?

Weggis, Brasil


As notícias que merecem ser comentadas vão se acumulando e já começo a pensar o que é que vou fazer para postar durante a Copa. Mas deixarei isso para me preocupar quando chegar a hora (nesse caso, não será pré-ocupação, será ocupação, mesmo). Então, por onde começar? Comecemos por aquele que acabou por se tornar o mais brasileiro dos lugares. Refiro-me, evidentemente, à cidade de Weggis, na Suíça, onde a Seleção brasileira se prepara para a Copa de 2006. As notícias que nos chegam de Weggis dão a exata medida do que é, para um europeu, ter brasileiro por perto. Senão, vejamos: Weggis é uma cidade suíça, à beira de um lago suíço, onde habitam senhoras e senhores suíços (cerca de 3.800 deles, para ser mais exato), numa tranquilidade absolutamente suíça. Para que meus 13 leitores tenham uma idéia mais precisa disso, basta lembrar que a delegacia de Weggis não registrava uma única ocorrência há anos. Aí, de repente, chega uma verdadeira horda de brasileiros ensandecidos e transforma a cidade em um manicômio. Os homens suíços ficam loucos, as roupas usadas pelas mulheres da torcida brasileira são menores do que os maiôs usados por suas esposas suíças. As mulheres suíças, ao contrário, entram em desespero pois, embora não vejam seus maridos suíços bebendo dúzias de caipirinhas brasileiras (a nova mania local, com uma garrafa de 51, que nem cachaça de verdade é, custando 25 euros!) e correndo atrás de enormes bundas brasileiras, são obrigadas a ver os brasileiros, muitos deles com seu estilo “não-existe-mulher-feia-existe-mulher-mal-cantada”, atacando-as sem piedade na rua, tornando qualquer saída até a padaria um suplício para elas, tendo que ouvir coisas como “gostosa”, “delícia”, “carnão”, “ah, isso aí lá em casa...” e outras pérolas do gênero que, se elas tiverem sorte, ainda não foram traduzidas para o alemão. Se elas tiverem sorte, é claro, não duvido que os brasileiros tenham aprendido a falar essas coisas na língua de Goethe... O lago que banha a cidade já foi transformado em mictório pelos brasileiros, os restaurantes que nunca ficavam abertos após as 8 da noite já começam a fechar cada vez mais tarde, alguns já adentram a madrugada. As cercanias do campo onde treinam Ronaldinho, Ronaldo, Adriano e Cia. viraram terra de ninguém, apelidada de “sambódromo”, com barraquinhas vendendo biquínis, garrafas de 51 (que, sempre é bom lembrar, não é, nunca foi e nunca será cachaça, é só uma reles, simplória e prosaica caninha...), bandeiras, buzinas, bolinhos de bacalhau e, é claro, a boa e velha caipirinha. Além de muita confusão, barulho, batucada, brasileiro discutindo futebol, mulatas, samba, bundas apertadas em calças justíssimas e essas coisas que, ô ô, são um pouquinho do Brasil iá iá.
Só fazendo a ressalva, não quer dizer que eu seja contra nada dessas coisas. Mas, vamos e venhamos, tem hora e tem lugar pra tudo. Nada contra biquínis, nada contra caipirinha, nada contra samba e batucada. Mas há que se respeitar a casa alheia, minha gente! Mijar no lago, furtar restaurantes, cantar senhoras na rua, tudo isso é um pouquinho demais... Lembram que eu disse que a delegacia não registrava ocorrências há dez anos? Pois nesses poucos dias em que lá está a Seleção canarinho, já foram registrados furtos, roubos e agressões. No último sábado, a população da cidade, normalmente de 3.800 habitantes, ganhou o reforço de 20.000 pessoas que lá foram ver os treinos do Brasil.
Não é por nada, não, mas deixem eu perguntar uma coisa: quando é que algum desses suíços de Weggis vai querer ver brasileiro de novo? Será que algum deles, num futuro próximo, coçaria sua carteira suíça, pegaria seus francos suíços e marcaria uma viagem suíça para o Brasil? Pode até ser que os suíços se animem, mas duvido que as suíças deixem...

Quem é doido de querer levar uma vida normal com brasileiro por perto?

26 de maio de 2006

Bate-pronto

Ontem, no Congresso Nacional, uma cena inusitada aconteceu em uma dessas inúmeras CPIs que pululam por aí, na CPI das Armas, se não falha a memória. Estava depondo o advogado do tal do Marcola, líder do PCC. Esquivo e cheio de evasivas, como seria de se esperar, o advogado irrita tanto o presidente da CPI que, lá pelas tantas, ele perde a paciência e comenta, irônico:
- Pelo visto, o senhor aprendeu bastante com a malandragem...
Mas em tempos de lama total, mensalão e pizzas a granel, a resposta do advogado não poderia ter sido melhor. Sem nem deixar a bola quicar, de bate-pronto, ele diz::
- É, a gente aprende rápido aqui...
Prenderam o advogado por desacato, mas só para esclarecer uma coisa, cabe uma pergunta: este Congresso que se sentiu desacatado é o mesmo onde 11 mensaleiros, alguns confessos, foram absolvidos? É o mesmo onde 170 congressistas estão envolvidos em fraudes com ambulâncias? É o mesmo onde um dos ex-presidentes achacou o dono de um restaurante? Ah, então tá bom... tinha mesmo todo o direito de se sentir ofendido... ofendidíssimo, aliás!

Está inaugurada uma nova categoria de piadista no Brasil: o cara que perde a liberdade, mas não perde a piada!

Quem é doido de permitir que parlamentares assim e advogados assim estejam por aí em liberdade?

25 de maio de 2006

Quem?


Tarde da noite e um trabalho urgente mantinha eu e o Fabrício, diretor de arte, presos na agência. Aliás, para evitar confusão, é bom que se diga de que Fabrício tratava-se, já que eles eram três na agência: Fabrício Branco, na criação; Fabrício Tenerello (que Deus o tenha em bom lugar!), no atendimento e Fabrício Silva, nos serviços gerais. Quem dividia a mesa comigo era o Fabrício Branco. Sempre dava confusão essa profusão de Fabrícios. Neste dia, toca o telefone e, quando atendo, alguém chama por um deles:
- Por favor, o Fabrício...
Achei melhor me certificar que chamaria o Fabrício correto:
- Qual deles? Fabrício Branco?
E o cara do outro lado, sem nem hesitar:
- Não, o Fabrício preto, mesmo, o da faxina, essa peste...
Quase não consegui chamar o cara de tanto rir...

Quem é doido de dar uma resposta dessas?

24 de maio de 2006

Barbaridade, tchê!


Caramba! Não sei o que está acontecendo na cabeça das pessoas nestes tempos em que não dá mesmo para confiar em políticos, mas acho que tem gente passando das medidas. Veja o curioso e-mail que me chegou, assinado por uma criatura do sul cujo nome me absterei de divulgar a fim de que semelhante estupidez não seja incentivada:

“Prezados(as) Conterrâneos(as),

Boa tarde !

Enquanto Gaúcha, natural de Ijuí, sou pré-candidata a Deputada Estadual na Bahia e pretendo contar com a parceria de todos os nossos conterrâneos neste desafio. A idéia é que possamos ter uma representante autêntica do nosso Rio Grande do Sul na Assembléia Legislativa da Bahia para defender os interesses daqueles que, por serem de fora, muitas vezes são discriminados e/ou deixados para segundo plano. (...).”

A signatária segue elencando realizações e trabalhos sociais que realiza no estado (da Bahia, espera-se), alguns até aparentemente muito nobres.
Não é por nada, não, mas é um típico exemplo de péssimo marketing político. Se falasse só das realizações, além de contar com os votos dos gaúchos que votam na Bahia, poderia contar com os milhões de votos dos baianos, também.
Outra coisa que me chamou a atenção foi este “Boa tarde!”. Quem garante à candidata que os e-mails serão recebidos à tarde?
Mas o que mais me chamou a atenção mesmo é o despropósito da iniciativa. Era só o que me faltava, um deputado estadual da Bahia eleito para representar gaúchos! Dá até medo de que haja tanto garçom de churrascaria por aqui...

Quer representar os gaúchos, candidata? Sei de um ótimo lugar onde a senhora pode fazê-lo com toda a propriedade. Talvez a senhora até conheça: trata-se de um estado chamado Rio Grande do Sul...

Quem (além de gaúcho) é doido de votar numa candidata dessas?

Correção


Não era o lugar onde mais se esperaria encontrar alguém que falasse tão bem nem empregando termos tão técnicos, mas era ali, numa borracharia, que eu encontrava um verdadeiro professor de estrutura dos pneus, me explicando as diferenças entre os tipos de carcaça e das bandas de rodagem das diferentes marcas disponíveis. Enquanto me dava uma aula sobre pneus, o borracheiro observava o assistente trabalhando no meu pneu que havia furado. Finalmente, lá pelas tantas, o assistente resolve falar também e manda essa:
- Acho que o “pobrema” é só um furo, mesmo...
Imediatamente, o borracheiro corrige o colega:
- Rapaz, é “pobrema” que se diz, é? Você é analfabético?

Definitivamente, não se pode elogiar...


Quem é doido de corrigir um erro com outro?

23 de maio de 2006

Sentimentalismos

Minha sobrinha, Letícia.
Tarde de chuva embaixo das cobertas.
Café espresso (assim mesmo, com “S”, italiano que é).
Pão de queijo quentinho.
Chocolate.
Jogo do Flamengo (com uma vitória, claro).
MPB.
Filme de II Guerra Mundial.
Revista nova.
Livro velho.
Parmesão Grana Padano.
Vinho tinto.
Uma receita nova.
Conversa com os amigos.
Boteco.
Irmã.
Viajar.
Chegar de viagem.
Salvador, Belo Horizonte e Brasília.
Samba.
Voar de asa-delta.
Doce de leite com queijo minas.
O CD certo no momento certo.
Piada nova.
Bossa nova.
Estar só e, ainda assim, bem acompanhado.
Pôr-do-sol.
Lua cheia.
Cachorros.
Fotos antigas.
Jazz de New Orleans.
Star Wars.
Cachaça de Minas Gerais.
E-mail de alguém que não vejo há tempos.
Show de rock n’ roll.
Poesia.
Nhá Benta.
Frases de Groucho Marx, Mark Twain, Oscar Wilde, Winston Churchill e WC Fields.
Arroz, feijão, bife e batata frita.
Cantar no chuveiro.
Joey, Dee Dee, Johnny e Tommy Ramone.
John, Paul, George e Ringo (João, Paulo, Jorge e Anelo).
Camiseta nova.
Calça velha.
Licor cremoso.
Hoyo de Monterey, Partagas, Romeo y Julieta, Cohiba.
Churrasco.
Amigos e amigas: Paulo "Nikolaus Lauda", Gabs, Julim, Vicky, Dinóvski, Luke, Karina, Marie, Frederiech, Helbeth, Barba Joe, Francês & Cia. Ltda.
Tios e tias comédias.
Kaká (last, but not least!).

Quem é doido de não perceber que a vida fica muito melhor assim?

19 de maio de 2006

Questão de ponto de vista


Uma historinha para provar que tudo depende do ponto de vista. A história foi publicada originalmente no Die Judishe, jornal (obviamente) judeu da Alemanha.
Yitzhak viajava pelo metrô, tranqüilamente, quando se depara com uma cena difícil de acreditar: seu velho amigo Abner estava lendo um jornal neo-nazista! Muito sério e zangado, ele se aproximou de Yitzhak:
- Abner, você enlouqueceu? Perdeu o juízo? Que está fazendo com um jornal neo-nazi nas mãos?
Com muita tranquilidade, Abner baixou o jornal, deu um sorriso e disse ao amigo:
- Yitzhak, eu tinha hábito de ler sempre os jornais judaicos, mas as notícias eram péssimas. Anti-semitismo pela Europa e pelo mundo, terrorismo em toda Israel, famílias judias se desfazendo pela assimilação, casamentos e conversões, judeus vivendo na mais absoluta pobreza... difícil, muito difícil. E o que eu vejo neste jornal neo-nazi? Vejo que os judeus controlam todo o dinheiro, que são donos de todos os grandes bancos, que controlam a mídia, que são ricos, poderosos e que dominam o mundo! Estas são notícias muito melhores para se ler, Yitzhak!

Quem é doido de não tentar ver o outro lado da moeda?

Renda-se! Você está cercado!


Desisti! Tentei evitar o assunto, mas tá difícil. Tem uma pergunta que não quer calar de jeito nenhum: que diabos é isso que está acontecendo em São Paulo? Gente, que loucura é essa? Como é que pode um cara de dentro de uma cadeia fazer um negócio desses? Por tudo o que temos lido, visto e ouvido nestes últimos dias, parece que não tem mesmo outra solução: vamos cobrir o Brasil de novo e chamar o Cabral para redescobrir. Porque do jeito que está, definitivamente, não dá. Não bastassem escalabros como, por exemplo, esse Pimenta Neves estar solto apesar de ser réu confesso, a Suzane Von Richthofen ter estado solta, ainda que por alguns dias, acabamos ainda tendo que agüentar gente como esses caras do PCC querendo direito a visita íntima, televisão para ver a Copa e mais liberdade dentro da cadeia. Pera aí, pera ái: fala sério! O cara comete um crime, é condenado e ainda quer ter direito a transar na cadeia às minhas, às suas, às nossas custas? Como diria minha mãe, eu lá sou pai de pançudo pra sustentar barrigudo? Como se não fosse suficiente ter que sustentar essa gente na cadeia sem fazer nada, sem produzir nada, só comendo, dormindo e comandando o crime do lado de fora o dia inteiro! Quer ter o direito de fazer sexo à vontade? Quer ver a Copa do Mundo pela TV? Quer mais liberdade? Simples, basta andar na linha e não cometer crimes. Mas já que cometeu, pode dar adeus a essas coisas todas. Cadeia é cadeia, amigo! Não é hotel e nem motel. É claro que, conhecendo nosso sistema de justiça, é razoável supor que muitos nem devessem estar ali. Mas a grande maioria não está ali por azar, por implicância ou por vontade própria: está ali porque é um criminoso e tem uma dívida a pagar para com a sociedade. E, se está, tem que perceber que quando você comete crimes, você perde, sim, alguma coisa. Mas não, nada disso. Eles querem TV para ver a Copa. Querem visita íntima. Querem poder usar telefone e ver os advogados picaretas deles a qualquer hora. Fica a pergunta: mamar na vaca ele não querem?
O problema, claro, é muito maior e mais complexo do que aparenta. Vem de leis frouxas, juízes frouxos, carcereiros frouxos e continua até chegar ao topo, nos nossos “nobres” parlamentares, deputados e senadores que, talvez por estarem muito ocupados assaltando os cofres públicos, talvez por não terem o menor interesse em leis mais rigorosas que, eventualmente, possam vir a apertar seus próprios pescoços, também são frouxos, lerdos, corporativistas. O carcereiro diz que a culpa é do diretor da prisão, o diretor diz que a culpa é do secretário de Administração Penitenciária, o secretário diz que é culpa do secretário de Segurança Pública, o secretário de Segurança diz que a culpa é do governador, o governador diz que a culpa é do congresso, o congresso diz que é do judiciário e o judiciário diz que é do Presidente da República. Daqui a pouco, vamos ter que ouvir que a culpa é de Deus.
Enquanto isso, o povo que se lasque. Meu compadre Paulo, que é empresário em São Paulo, que se lasque e feche sua loja em plena segunda-feira, porque um policial disse a ele que, se funcionasse, não poderia garantir sua segurança e nem a da loja. Vejam bem, meus 13 leitores: a polícia mandou ele fechar a loja porque não poderia garantir a segurança dele. Não era um segurança particular, era a polícia!!! A polícia não pode garantir sua segurança!
A verdade, verdade mesmo, é uma só: agora não dá mais para continuar fazendo de conta que a gente acredita que a polícia controla as ruas da cidade. Acabou a farsa. A cidade é deles!
E aí? Vai querer pegar de volta? Vai encarar? Se não vai, é favor sair com as mãos para cima. Você está cercado...

Quem é doido de deixar o crime assumir o controle da cidade?

Prestativo


Diálogo telefônico entre namorados:
- Nêgo, vamos dar uma chegada no Percpan amanhã?
- Percpan? Tô fora, detesto Percpan, tambor, pandeiro, atabaque, agogô, essas porras!
- Ah, tá. Então eu deixo meu guri com você na sua casa e vou com minhas amigas! Vê se aluga uns filmes pra ver com ele, hein? Tchau...

Da próxima vez que alguém lhe chamar para o Percpan, é bom pensar duas, três, dez vezes antes de dizer que não vai ...

Quem é doido de receber uma tarefa dessas da própria namorada em pleno domingo?

18 de maio de 2006

Engano



Tardinha caindo, verão chegando e um carro novo escolhido, à espera apenas da aprovação do financiamento, lá ia eu, feliz da vida, me despedindo do carro velho. Tão feliz que nem hesitei quando o telefone tocou e eu vi o número familiar de São Paulo chamando: só podia ser o compadre Paulo. Atendi fiel ao nosso estilo de cumprimentar que, se não é coisa de gente fina, é coisa de amigo:
- Diga, sua grandissíssima putona!!!
Do outro lado, mal disfarçando seu constrangimento, ouço uma voz nada familiar:
- Senhor Marcelo, aqui é do banco, sobre o financiamento que o senhor pediu...
- E que acabei de perder, não é? – foi o melhor que consegui dizer, antes de explicar à moça, com o número do telefone quase igual ao do compadre, exceto por um único número, que se tratava de um engano...

Quem é doido de atender o telefone assim?

Clodovil na estação de esqui


Durante a mesma viagem que contei em um dos posts anteriores (A Mala), outra história engraçada ocorreu comigo e com o colega que me ajudou a executar a vingança tão brilhantemente. Como já foi dito, ele é um dos caras com mais presença de espírito que conheço, daqueles capazes de tiradas sensacionais em apenas um segundo, que perdem o amigo, mas nunca a piada. Para que eu também não perca o amigo, evitarei nomes.
Um frio de rachar nos recepcionou na primeira manhã, colocando todos os baianos a procurar casacos, mantas ou qualquer coisa que aquecesse. Por já ter certa experiência com o frio, eu tinha um bom equipamento. Vesti meu velho casaco verde e desci para o café, bem a tempo de me encontrar com o tal colega espirituoso, que fazia piadinhas com todos. Estava uma graça, de calças roxas de esqui com suspensórios, camisa de gola rulê e um sobretudo jeans com gola de pele, num modelito exótico, para dizer o mínimo. Ao me ver, saudou-me, em frente aos colegas e ao pessoal do hotel que servia o café:
- Vejam aqui mais um capítulo da série “A Bahia no frio”.
Ao que respondi, na lata, apontando para o modelito do rapaz:
- E aqui, mais um capítulo da série “Clodovil na estação de esqui”.
E mais não disse. Não precisou. Até o dono do hotel caiu na gargalhada ao ver o sujeito naqueles trajes. O copeiro quase deixou cair a bandeja de tanto rir. Os colegas adoraram a piadinha. E o meu amigo, que deixou a bola quicando na área, pedindo para ser chutada, até hoje não gosta muito nem de falar no Clodovil. Acho que é receio de que alguém se lembre...

Quem é doido de mexer com quem está quieto?

17 de maio de 2006

Racionamento racional


Vejam vocês, meus 13 leitores, que algumas coisas realmente são contraditórias nesta vida. Como, por exemplo, a Justiça brasileira entrar em greve. Se eles nunca trabalham normalmente, como é que fazem greve? Trabalhando, para variar? Porque se eles pararem de vez, ninguém vai nem perceber nada, vai parecer tudo normal, não é mesmo? Pois na Inglaterra foi anunciado que, após infrutíferas tentativas de evitar a medida, um racionamento de água terá que entrar em vigor durante o verão. Tanto na região de Londres, onde vivem 8 milhões de pessoas, como na região sul, onde o número de habitantes chega a 1,2 milhão de pessoas, a água será racionada. As medidas de contenção incluem a proibição de “uso não-essencial” da água e proíbe as donas-de-casa de usar mangueiras.
Ora, racionar água não deverá ser problema para os britânicos, que só perdem para os franceses quando o assunto é falta de banho. Meu velho conhecido, o Lord Hunter, o britânico mais britânico que há (“Depois de Sua Majestade, of course!”), à parte o fato de se preocupar com o futuro do gramado de seu campo de golfe, certamente diria que “já que banhos não são considerados essenciais, foram a primeira coisa que aboli em meu castelo. O único problema é que, como a patroa também não está podendo usar a mangueira, nossa vida sexual tem ficado prejudicada. Ao invés das nossas 3 transas anuais, teremos apenas uma. O que é mais seguro, se nos lembrarmos que a mangueira também terá que ficar sem banho”.

Quem é doido de racionar a água do banho?

16 de maio de 2006

A mala


Ônibus lotado, a turma da faculdade saía para uma viagem. Na bagagem, além de muitas sacolas, uma mala-sem-alça: a colega que havia assumido a responsabilidade de ser líder do ônibus (sempre achei que líderes deviam ser eleitos, mas vamos em frente...). Empolgada com a colocação, que lhe permitia, enfim, ser notada pelas pessoas, coisa que era muito, mas muito rara de acontecer, ela se excedeu. Primeiro, ameaçou entregar os colegas que insistiam em fumar maconha para a polícia. Depois, começou a controlar o tempo que cada um passava no banheiro do ônibus. Finalmente, incorporou a “liderança” de tal forma que acabou confundindo-a com poder absoluto. Entende-se: quem nunca comeu melado, quando come se lambuza. Além de ser muito chata, era também muito metódica: sempre pedia comidas e bebidas com algo à parte, tipo “Me traga esta torta de chocolate, mas com a calda à parte”, ou “Arroz-de-carreteiro com as carnes à parte” e por aí vai. Uma simpatia! Após quase uma semana com a mala-sem-alça a nos encher a paciência, eis que chega a hora de voltar para casa. Todos sentados no ônibus, viagem agradável, tudo normal. Aliás, normal até demais. Já havíamos nos acostumado com a criatura dando ordens e enchendo o saco, mas notamos um silêncio prolongado. Logo veio a explicação, trazida por outra colega:
- Gente, dava pra vocês fazerem silêncio e não fumar? A Fulana tá passando muito mal, está enjoada...
“Enjoada”, no caso, era redundância. Prometemos silêncio. Deixamos a moça se afastar e, junto com um colega, muito cruel também, começamos a nossa vingança. Acendemos dois cigarros e fomos largando:
- Acarajé com calda de chocolate!
- Sardinha com Leite Moça!
- Bife de fígado com chantilly!
- Picanha com caramelo!
- Camarão com Nutella!
- Chokito com vatapá!
Em alguma dessas pérolas da gastronomia, a Fulana começou a se contorcer até ouvirmos aquele “uuuaaaaarrrggghhhhhh” típico de quem não achou nada muito apetitoso. De lá da frente, veio o aviso:
- Socorro que a Fulana está vomitando! Alguém tem um saco plástico?
Alguém entregou um saco para a menina e, ato contínuo, meu colega, com o cinismo, o sarcasmo e principalmente a presença de espírito que lhe são até hoje peculiares, fez o adendo, muito oportuno:
- Gente, por favor, outro saquinho plástico que ela vai vomitar a sobremesa à parte...

Quem é doido de azucrinar uns caras assim?

15 de maio de 2006

Ói nóis aqui traveis...

Só para avisar aos meus 13 leitores de que não morri, não.
Ou, como diria Oscar Wilde, “os boatos sobre minha morte são exagerados”.

A semana foi puxada, mas volto a postar logo, logo... se é que alguém sente falta disso...

Quem é doido de deixar o blog mais de uma semana sem postar???

4 de maio de 2006

Sessão de sábado


Sessão de cinema, Shopping Barra, tarde de sábado. Quem se lembra das tardes de sábado do Shopping Barra, como eu, certamente deve evitar ir ao cinema por lá até hoje. Além de todo o barulho dentro da própria sala, havia ainda todo o barulho da praça de alimentação que fica bem do lado de fora, cortesia de um sistema de isolamento acústico que simplesmente inexistia (acho que inexiste até hoje... não saberia dizer, não vou ao cinema no Shopping Barra). Pois era nesse ambiente de total algazarra que o Arthur, um colega da faculdade, foi assistir a um filme, acompanhado por alguns amigos. Estavam sentados todos em uma mesma fila, esperando calmamente o começo do filme e aturando as idiotices que adolescentes e crianças costumam fazer nestas circunstâncias, na esperança de que, como sempre, as coisas se acalmassem quando o filme propriamente dito começasse. E, de fato, a sala se aquietou quando começou o filme. Todos, exceto um. Um imbecil, para ser mais exato, daqueles que ficam gritando “eita, eu vi a língua” quando o mocinho beija a mocinha, “passa a mão na bunda dela” e outras pérolas do gênero. Indignado, o Arthur se curva à frente e cutuca o ombro do palerma, um tipo fortinho e tirador de onda:
- Ô, amigo, está difícil ver o filme assim, será que dava para você falar um pouco mais baixo?
- E quem é que vai me fazer falar baixo? É você? – foi a resposta que o cretino deu.
- Não, sou eu, ele, ele, ele, ele, ele, ele, ele, ele e aquele último lá do fundo – respondeu o Arthur, apresentando ao idiota seus colegas de caratê, inclusive um ex-campeão do Norte-Nordeste. Uns caras enormes, mas todo mundo tranqüilo, de boa paz, como reza o bom caratê. Nada fizeram, nada disseram, apenas foram se levantando à medida em que o Arthur os mostrava.
A resposta, como seria de se esperar, não veio. Sem palavras, o sujeito limitou-se a acenar afirmativamente com a cabeça quando o Arthur perguntou se poderia sentar e ver seu filme em paz. Uma salva de palmas, merecidas, foi ouvida na sala. O capadócio escapuliu do cinema, covarde que era, na primeira oportunidade que teve. E ainda teve que ouvir um cacarejo de galinha quando passava pelo corredor, só para comprovar o que eu digo: sempre tem um debochado...

Quem é doido de ir cinema para ficar conversando ou gritando bobagens enquanto o filme passa?

3 de maio de 2006

Levando a culpa


O prédio, no Rio, era um desses mais antigos, onde um elevador igualmente antigo era disputado a tapa pelos moradores. Lá morava Paulinho, amigo do Tubarão, já citado antes neste blog (ver “O hematoma”). Nos horários de pico, costumava haver fila para tomar o elevador. Os dois, no auge dos 16 anos, descem pelo elevador exatamente em um desses horários de pico. Enquanto descem, aproveitam o elevador para... como direi sem baixar o nível?... ah, a finesse que se dane... para soltar uns peidos no elevador, pronto! Típica brincadeira adolescente, cujo único efeito mais sério era tornar o elevador insuportável. Estão nessa de um peido pra lá, outro pra cá, risadas, etc. Mas como sempre tem um porém, dessa vez a viagem foi interrompida. No terceiro andar, o elevador pára e entra uma mulher, gordinha, cheia de livros. Logo que entra na cabine, a mulher percebe que há algo de estranho no ar. Aliás, algo de podre. Horrorizada, olha para os dois, que, tal e qual jogadores de pôquer, não mexiam um músculo. Por dentro, estavam quase se dobrando de rir, mas por fora a aparência era de uma rocha. Descem os três, naquele silêncio constrangedor, quebrado apenas pelo barulho do elevador chegando ao térreo. Nem bem a porta abre, sai do elevador o Paulinho, cara muito séria, com a mão no nariz:
- Putz, que mulher escrota...
Na seqüência, sai o Tubarão, embarcando na onda do Paulinho:
- Caracas, essa mulher tá passando mal, gente!
E, finalmente, constrangidíssima, sai a mulher, usando os livros para cobrir o rosto, andando o mais rápido que podia. Mas não rápido o suficiente para deixar de ouvir o primeiro passageiro que entra na cabine:
- Putz, ela tá mal, mesmo...
Mais à frente, rindo feito dois idiotas, o Paulinho e o Tubarão curtiam a tremenda sacanagem que haviam feito.
É o que eu digo: sempre tem um debochado...

Quem é doido de descer no mesmo elevador que o Paulinho e o Tubarão?

2 de maio de 2006

Mestre Calá


Diz um amigo que Calasans Neto era a última esperança da Bahia, sua última ligação com aquela Bahia romântica, exótica, diferente. Depois das perdas de Jorge Amado, Carybé e outros, Calasans era o último elo de ligação com aquele tempo, com aquela turma. Sem ele, dizia-me este amigo, seguiremos firmes rumo a nos tornarmos “uma cidade de gerentes evangélicos”, perspectiva das mais sombrias e que começa a se tornar realidade com o simpático João Pimpão como prefeito (se bem que há quem garanta que quem manda de fato é a primeira-dama, mas deixemos isso pra lá). E agora que Mestre Calá nos deixou, resta rezar para que meu amigo esteja errado. Ainda mais porque tudo parece indicar que ele estava certo...
Sobre Calá, não tenho muito mais a dizer do que tudo o que já foi dito. Calá era daquelas pessoas que iluminam um ambiente ao chegar. E foi em 1989 que eu tive a oportunidade de comprovar isso pessoalmente. O professor de história do colégio, petista de primeira hora, pedia-nos um trabalho sobre a americanização do Brasil. Em dupla com um colega, cuja família conhecia Calá há longo tempo, fomos munidos de filmadora para a casa/ateliê do mestre (destaque para a porta de um banheiro, onde se lia numa placa “Proibida a permanência simultânea de mais de seis pessoas neste banheiro”), a fim de gravar seu depoimento. Quase que a fita de 2 horas não deu. Calá falou, falou, falou e divertiu-nos a todos com seu bom humor, suas tiradas impagáveis e sua sagacidade. Falou, entre outras coisas, que apesar de termos medo de americano, deveríamos mesmo era ter medo de japonês! Que japonês, se fosse solto na Amazônia, transformaria tudo em um grande deserto em tempo recorde, com os mais modernos equipamentos. Contou-nos que Auta Rosa, sua esposa, nutria enorme vontade de comer em um McDonald’s, mas que sempre, por um motivo ou outro, ele conseguia ver o plano dela frustrado e que, diante da então recente abertura da primeira loja da rede em Salvador, via se aproximar o momento em que seria inevitável fazer a vontade de Auta Rosa e encarar um Big Mac (sempre tive vontade de saber como terminou a história). Se conheci em toda a minha vida um perfeito gentleman, este era Calá. Ao fim de quase duas horas de entrevista, despedimos-nos e fomos para casa, preparar o material a ser apresentado ao professor (nosso material, dirigido pelo pai de meu colega, notório comunista, utilizando a canção de protesto comunista “Subdesenvolvido” como trilha sonora e com a entrevista de Calasans Neto quase levou o professor de história petista ao choro, garantindo-nos uma nota dez).
Uns dois ou três meses após a entrevista, estou no shopping com uma turma de amigos do colégio quando avisto o Mestre Calá, quietinho, sentado em um banco. Uma das colegas cutuca. “Não é aquele artista que apareceu no trabalho de vocês”? Confirmei, mas nem pensei em ir cumprimentar, não imaginava que ele ainda lembrasse do estudante que foi à sua casa lhe fazer perguntas sobre os americanos. Pois lembrava. Chamou-me, cumprimentou-me, lembrava do meu nome. Providenciou longa mesa onde acomodou toda a turma e sentou-se à cabeceira, de onde presidia a mesa com toda a sua verve, um menino da mesma idade que nós. Quando Auta Rosa chegou, a procurá-lo, disse-lhe que fosse resolver suas coisas de velho com os outros velhos, que ele iria ficar entre os jovens, seus amigos. Nunca me esqueci daquelas duas tardes em que minha vida se cruzou com a do Calá.
Hoje, ele é uma saudade. E se para mim, que tive apenas uma centelha de convivência com ele, a saudade é grande, imagino como será para aqueles que desfrutavam do privilégio de poder chamá-lo de amigo. Deve fazer uma falta danada...
Vai em paz, Calá! E obrigado! Pelas tardes, pela conversa e pelas lições que você, mesmo durante um simples bate-papo, me deixou. Valeu mesmo!

Quem é doido de não estar triste com a passagem do Calá?