28 de maio de 2007

Aviso às futuras gerações


Semana passada eu fui ao médico para retirar dois pequenos sinais que tinha na pele e que eram alvo de constante atenção de Letícia, minha sobrinha, que ficava curiosíssima de ver e mais ainda ao saber que o médico ia "abrir o tio para tirar". Adorava ouvir como isso seria feito. Até que, um belo dia, ela pergunta, apontando:

- É o sinal do tio, né?

- É, Leti. O médico vai tirar.

- Vai abrir o tio e tirar, né?

- É, Leti. Ele vai abrir o tio e vai tirar o sinal.

- Vamos pegar a faca e tirar agora?

Eu, que não sou bobo nem nada, achei melhor marcar logo a cirurgia e retirar os dois sinais antes que Leti fizesse isso.
E, cumprindo meu dever cívico, aviso aos engraçadinhos do futuro que brincar de médico com minha sobrinha pode ter consequências um tanto quanto nefastas...

Quem é doido de não ser doido com uma sobrinha dessas?

17 de maio de 2007

... outra na ferradura

Mas para não sermos injustos com os hermanos argentinos, temos que reconhecer-lhes os méritos, até para que este blogueiro não se torne alvo de atentados de grupos organizados de argentinos vingativos: em literatura, vinhos, carnes e futebol de clubes (DE CLUBES!) eles são, inegavelmente, mais entendidos que nós (no futebol de clubes, estamos encurtando a distância, mas só nisso). Além de serem também celeiro de lindíssimas mulheres, mas nisso não são melhores que nós, no máximo são tão bons quanto. E também de serem a pátria de uns caras bacanas que aparecem de vez em quando, como o general Augustín Justo, ex-presidente argentino, que, desolado com a posição francamente pró-nazista de seu país durante a II Guerra Mundial (a Argentina, declarou guerra à Alemanha nazista apenas dois dias antes dela se render formalmente... assim, até eu!) e sabendo que o Brasil declarara guerra à Alemanha, à Itália e ao Japão, escreveu ao governo brasileiro, declarando que, na condição de general honorário do Exército Brasileiro, colocava sua espada à disposição do Brasil, fato que aprendi esta tarde, durante leitura de "A FEB por um Soldado", de Joaquim Xavier da Silveira (recomendo!). A César o que é de César! Paz, hermanos!

Quem é doido de não reconhecer que também tem coisas muito boas na Argentina?

Uma no cravo...


O príncipe Harry, filho do orelhudo do Charles e da Diana, sempre mereceu a admiração do QED?. Primeiro, por ser a ovelha negra da família. E o QED? tem uma especial predileção pelas ovelhas negras. Depois, porque, por ser o segundo de sua geração na linha de sucessão (ele é o terceiro no geral, depois do pai e do irmão William), pode fazer e dizer coisas que seu irmão, por força do cargo, não pode. E é lógico que a ovelha negra não ia fazer como o resto da família e se alistar na marinha britânica. Harry preferiu o exército. Como tenente do Real Exército Britânico, ele comanda um esquadrão de tanques de reconhecimento, o que, para os que não sabem, o transforma no primeiro a ir para a linha de frente em uma batalha, justamente para fazer o reconhecimento do terreno e do inimigo. Em virtude de tão alarmante possibilidade, o Estado-Maior resolveu que seria um risco excessivo mandar Harry para o Iraque, como estava programado, que seria perigoso demais. O príncipe fica na Inglaterra.

Me lembrei, então, das imagens de seu tio, o príncipe Andrew, que, durante a Guerra das Malvinas (que, na verdade, são as Ilhas Falklands, já que cabe ao dono batizar a terra...) pilotou um helicóptero, inclusive em missões arriscadas.

O que nos leva a concluir o seguinte: iraquiano é perigoso. Já argentino...

14 de maio de 2007

Que sinuca!!!


Um fato que talvez seja uma novidade para os meus 13 leitores é a minha grande habilidade em transformar em verdadeiro espetáculo uma simples partida de futebol. Basta para isso que eu me recuse a participar dela, o que é sempre uma grande contribuição ao bom futebol. Isso dito, para descrever as minhas habilidades na sinuca basta dizer que eu consigo ser ainda pior do que no futebol. Dá pra ter uma idéia? Pois retire um tanto de habilidade dessa idéia que deu pra ter e você estará se aproximando da verdade. Por isso, naquela distante noite, há mais de 10 anos, não era surpresa nenhuma eu estar afundando a dupla da qual fazia parte. Do outro lado, rindo muito e se gabando, estava o Valney, que havia descoberto a sinuca há pouco tempo e havia sido abençoado com um certo jeito para o esporte. Tanto que ele já havia até mesmo investido num taco particular, desmontável, de madeira nobre e acondicionado em um bonito estojo-maleta também de madeira nobre. Em suma, uma frescurada que já havia chamado a atenção dos demais jogadores do salão, tamanha a onda que o Valney tirava. Lá pelas tantas, me vendo em posição de sinuca, com a bola branca a alguns milímetros do buraco do canto e outra bola que não a da vez a bloquear-lhe a passagem, sem deixar em nenhum dos lados espaço suficiente para a passagem da branca, fez pose de campeão e declarou, em alto e bom som, sem se preocupar com a presença, ao nosso lado, de alguns transeuntes que assistiam à partida:

- Se você conseguir sair dessa sinuca, vale qualquer aposta...

Consciente de minhas habilidades, declinei da proposta:

- Vou apostar não, Valney. Se além de mau jogador eu ainda fosse burro, tava lascado...

- Pois vale o seguinte: um realzinho seu, se não conseguir sair. Se você conseguir, sei lá... digamos, eu meto este taco novo no meu cu.

E me perdoem as mais sensíveis leitoras (e algum mais sensível leitor...), mas a aposta, nesses termos, não deixa margem a floreios linguísticos. O Paulo Canelius ainda brincou:

- Que é isso, cara? Não se aposta coisa séria...

- Aposto sem medo. Essa não tem como ele acertar!

Se você, imaginativo leitor, imaginou que eu acabei por acertar a bola, está correto. Por uma dessas coisas sem explicação lógica, a bola subiu, passou por cima da branca e tocou, calmamente, na bola da vez, o que colocaria o Valney em posição terrível caso houvesse entre nós alguma intenção de fazê-lo cumprir a aposta, o que, obviamente, não era o caso, ninguém tinha a intenção de vê-lo executar a manobra proposta e nem sequer de fazê-lo cumprir a promessa em particular. Por gozação, um dos transeuntes que assistiam à cena resolveu provocar o Valney, dando-lhe uma palmadinha no ombro. Ah, mas pra quê? Achando que seria a senha para que o agarrássemos e fizéssemos com que ele cumprisse o trato, deu no sujeito um violento empurrão e saiu correndo pelo salão, deixando para trás seu novo taco, estojo, os amigos que chegaram com ele e, principalmente, a dignidade. Entrou correndo no carro e saiu às carreiras, cantando pneu. Ouvimos rapidamente a voz dele gritando "jamais!". Mas ninguém conseguiu parar de rir para explicar a ele que, embora fosse um merecido castigo pelo excesso de confiança, não seria daquela vez que ele seria obrigado a encarar um taco de sinuca de costas...

Quem é doido de fazer uma aposta desas?