22 de fevereiro de 2006

Welcome to Bahia, meu rei!

Chegaram com a cara espantada de quem ainda não está compreendendo nada. Um a um, foram descendo do ônibus. Policiais faziam um cordão de isolamento enquanto eles iam ajeitando da melhor maneira possível as malas e sacolas que haviam trazido. Quando o último desceu, um oficial da polícia explicou que eles ainda iriam andar um pouco, que se mantivessem juntos e tomassem cuidado com seus pertences.
A cena poderia muito bem ser a chegada de um novo grupo de prisioneiros a uma penitenciária, mas não é nada disso. O fato se deu na Avenida Ademar de Barros, em Ondina, Salvador, em pleno Carnaval. Quem chegava era um grupo de turistas estrangeiros, desembarcando em Salvador bem no meio do Carnaval, trio elétrico passando e o escambau. O caminho até o hotel deles devia ter uns 200, 300 metros, no máximo. Mas a cara desses gringos quando desceram do ônibus e se viram no meio daquele bundalelê todo foi qualquer coisa que Fellini teria adorado. Cada um arrumando as malas, mochilas e sacolas dentro do cordão de isolamento improvisado pela PM, a única coisa que os separava de toda a multidão que estava na rua para curtir a festa. Depois, cada um carregando suas malas, seguindo em fila, o olhar de pânico estampado nos rostos. Parecia que se perguntavam o que seria deles se por acaso o isolamento tivesse qualquer problema. E só Deus sabe o que é que seria. Seguiram todos pela orla, no sentido contrário ao dos trios e sumiram de vista. Já pensou o que deve ter se passado na cabeça de um gringo, chegando na cidade em pleno Carnaval, no meio do tumulto?

Quem é doido de chegar na cidade numa hora dessas?

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