8 de fevereiro de 2006

Pra lá de Teerã!


Millôr Fernandes dizia que “se você não conhece nada perfeito, é porque nunca conheceu um perfeito idiota”. Pois quem tem assistido à televisão ou lido jornal ultimamente não pode mais dizer que a perfeição não existe. Quem quer que tenha visto o que anda fazendo e falando esse perfeito idiota que se tornou presidente do Irã não pode ter a menor dúvida de que esse cara deve ter algum distúrbio sério, para dizer o mínimo.
Num país onde estado e religião se misturam desde a revolução que apeou o xá do poder, quem manda de verdade são os aiatolás, os líderes religiosos, homens que não têm a menor noção do que seja um estado democrático. Lá, a lei são os aiatolás. O que eles mandam é a lei. Quem acha que o Afeganistão era barra-pesada na época dos talibãs deveria procurar saber mais sobre o Irã. Lá, uma mulher que sair à rua com o rosto descoberto ou desacompanhada de algum homem de sua família pode (e, segundo as leis, deve) ser apedrejada na rua, por estar faltando ao respeito com as regras. Os homens devem usar barbas. E o ódio aos americanos e aos judeus é matéria de escola, ensinada desde cedo às crianças, que, anos depois, escolhem um panaca feito esse Ahmadinejad para ser presidente.
Aliás, que belo presidente. A primeira coisa que o sujeito fez foi dizer que esses judeus são mesmo mentirosos, o holocausto foi uma invenção deles e nunca existiu. Veja bem: NUNCA EXISTIU! Hitler nunca existiu, Auschwitz nunca existiu, 6 milhões de pessoas mortas nunca existiram. Convenhamos, é um bom começo, mas não credencia ninguém a ser chamado de perfeito idiota. Pelo menos ainda não. Era pouco. Ele precisava de algo ainda mais idiota para isso. O terremoto que devastou seu país deu a ele outra oportunidade de se afirmar como tal. Ele recusou qualquer ajuda vinda dos Estados Unidos e de Israel. Aí eu já nem sei mais quem é o idiota, se é um presidente que recusa ajuda numa situação em que seu povo está morrendo ou se são os americanos e israelenses, que, mesmo sabendo que o Irã quer que eles morram, mandam ajuda humanitária. Provavelmente, todos são, mas vamos adiante.
Aí, como dizia o comercial do Gelol, não basta ser idiota, tem que participar. Então ele resolve que vai reativar o programa nuclear iraniano, que já havia sido objeto de muita discussão e polêmica e foi encerrado mediante uma promessa de que o Irã receberia ajuda externa como compensação. Pelo visto, a compensação foi pouca. Mas será que alguém me explica porque um país que tem uma das maiores reservas de petróleo do mundo precisa de energia nuclear? Eles dizem que é para a produção de energia, mas será que o petróleo deles tem alguma contra-indicação para isso? Ao que me consta, é muito mais barato produzir energia a partir de petróleo do que através de urânio... Ou será que eles querem outra coisa com esse urânio todo?
Mas o que me chama a atenção é um fato que aparentemente passou despercebido: alguém já reparou que, por causa disso, as cinco potências mundiais que têm assento no Conselho de Segurança entraram em acordo? Sim, parece incrível, mas numa coisa os Estados Unidos, a Inglaterra, a França, a China e a Rússia concordam: o Irã é perigoso! Pena que só tenham descoberto isso agora, quando os caras estão a ponto de produzir uma bomba atômica! Tomara que não demorem tanto para fazer alguma coisa a respeito. Porque um maluco com uma bomba atômica nas mãos não é uma perspectiva das mais interessantes. E, se alguém argumentar que já temos um desses lá na Casa Branca, serei obrigado a discordar. Por mais maluco que seja o Bushinho, perto do Ahmadinejad ele está mais para Gandhi do que para Átila, o huno!
Fala sério: esse cara é maluco, mesmo! E já está pra lá de Teerã...

Quem é doido de agüentar um sujeito assim?

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