15 de fevereiro de 2006

Vai trabalhar, vagabundo!


Seja sincero: você embarcaria em um táxi cujo motorista lhe avisasse que não sabe dirigir? Você contrataria para trabalhar em sua empresa um sujeito que chegasse para você e dissesse que não entende direito do trabalho? Você seria passageiro de um barco cujo capitão contasse que não conhece direito a região por onde vai navegar?
Se você respondeu “não” a estas três perguntas, então você também deve estar pasmo com o que os nossos juízes estão fazendo para manter a parentada mamando nas tetas do governo. Porque a comparação é exatamente esta: pelo visto, eles não conhecem muito de leis. Pelo menos não da lei que proíbe o nepotismo no serviço público. E olha que são eles os encarregados de fazer cumprir a lei. Mas pelo visto, a lei é só para ser cumprida pelos outros, por eles não, de jeito nenhum, nunca!
Não bastasse o cara ter um salário de mais de 20.000 reais por mês (mais bonificações, gratificações, adicional disso e daquilo outro, etc.) num país onde o salário mínimo é de apenas 350 reais, ele ainda acha pouco. Além de ganhar essa baba, ele ainda quer ter o direito de empregar todos os parentes que quiser, sem concurso e com bons salários. A lei já proibia que eles contratassem os próprios parentes, mas nada (a não ser a ética, é claro...) impedia que um contratasse os parentes do outro e o outro contratasse os parentes do um. E assim foi. O judiciário brasileiro é um verdadeiro mamute, grande pesado, ineficiente e muito, mas muito antigo mesmo. E essa gentalha pendurada nos cabides de emprego é, sem a menor dúvida, um dos grandes problemas que um cidadão que precisa recorrer à Justiça tem que enfrentar. Porque ao invés de funcionários que realmente trabalhem e entendam do assunto, são eles, os parentes, que ocupam os cargos de confiança, os cargos onde deveriam estar pessoas que realmente fazem a diferença e ajudam a Justiça a andar.
Os nossos “eminentes” magistrados se agarraram à parentada de uma maneira absolutamente nojenta, anti-ética e desrespeitosa para com o cidadão que paga seus impostos e deseja ver pelo menos uma parte deles retornando em forma de serviços, de preferência eficientes.
Fiquei revoltado com a cara-de-pau de uma desembargadora de Alagoas, em entrevista ao Jornal da Globo de ontem, tentando justificar o injustificável: “Meus parentes não são leprosos, não são pessoas que devam ser mantidas à parte da sociedade”. Sem entrar no mérito sobre o tipo de imbecil que é capaz de dizer uma bobagem deste tamanho em rede nacional, me preocupa saber que uma pessoa com um raciocínio (ou seria racio-símio?) tão limitado seja responsável por julgar o destino de pessoas que tiverem o azar de cair em sua jurisdição. E ocupe um cargo de desembargadora, com um salário pago, entre outros, por mim e por você, que está lendo isso. Com um salário desses, se os nossos magistrados não conseguirem preparar sua parentada para o mercado de trabalho, quem é que vai conseguir? Coitadinhos dos parentes dela, não é mesmo? Se não fosse pelo altruísmo de sua parente, o que restaria a eles? Procurar um emprego? Ou, pior ainda, ter que trabalhar? Isso não, nunca. Afinal, eles têm uma parente que é juíza e que declarou com todas as letras que emprega pelo menos 10 parentes no tribunal. Veja bem, PELO MENOS 10! Palavras da própria desembargadora, que fez o cálculo de cabeça, após pensar (???) um pouco e fazer as contas.
A resolução do Conselho Nacional de Justiça está aí e TEM que ser cumprida. É a regra, é a lei. Pena que caiba a pessoas tão sem caráter a tarefa de fazer cumprir o que está escrito. Para eles e para todos os parentes que eles empregam, só tenho uma coisa a dizer: VAI TRABALHAR, VAGABUNDO!

Quem é doido de confiar em juízes assim?

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