20 de março de 2006

O dia em que o cacique brigou com o inglês


Já que falei de Fórmula-1, vale lembrar de uma história engraçada que aconteceu com um de nossos grandes pilotos da categoria, que, infelizmente, não teve tempo para chegar ao campeonato mundial. Refiro-me a José Carlos Pace, o Moco, que empresta seu nome para o circuito de Interlagos, o Autódromo José Carlos Pace.
Moco estava na Europa tentando consolidar a carreira e o carro de Fórmula-3 que haviam lhe prometido sempre tinha algum detalhe que o impedia de ficar pronto. Faltando alguns dias para o início da temporada e percebendo que os ingleses não lhe davam a devida atenção, Moco resolveu apelar. Avisou à fábrica que seu patrocinador chegaria do Brasil e que gostaria muito de ver o carro pronto.
Vale lembrar que isso ocorreu lá pelos idos de sessenta e tantos, e a imagem que o Brasil tinha no exterior era a de um país com índios, cobras andando pela rua e coisas do gênero, fruto da imaginação do dito “mundo desenvolvido”.
Pois quase na véspera da temporada começar, o dono da fábrica dos carros de Fórmula-3 recebe a visita do Moco e de seu “patrocinador”, um amigo que se vestira de cacique, com direito a pintura e cocar de penas e que, com um tacape na mão, gritou muito e fez um belo estrago no tampo da mesa do sujeito, que horrorizado e de olhos arregalados, desculpava-se pelos atrasos e prometia que tudo se arranjaria o mais breve possível. De fato, no dia seguinte, o Fórmula-3 estava pronto para Moco começar a trajetória de sucesso que o levaria à Fórmula-1 em pouco tempo. Ele e o “patrocinador” deram muita risada a respeito do incidente e da cara que o fleumático inglês, imprensado contra a parede, fez ao perceber aquele silvícola destruindo sua mesa com um tacape e ameaçando jogar sobre ele um feitiço das matas brasileiras.

Quem é doido de arranjar treta com brasileiro?

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