17 de agosto de 2006

O belo adormecido

Para quem curte a combinação sexo-drogas-álcool, a situação do Luís, do Guilherme e do Beto naquela noite era invejável. Acompanhados por três “trabalhadoras noturnas”, uma garrafa de uísque já quase vazia e alguns gramas de cocaína, eles já chegaram na portaria do motel na maior algazarra, as mulheres quase nuas, um falatório coletivo de dar inveja à Torre de Babel. Pediram uma suíte grande e lá chegando já foram logo tratando de cheirar mais um pouco de pó e em seguida se arranjar, cada um num canto, com um mínimo de privacidade. Um ficou com o banheiro, outro com a piscina e outro com a cama. Luís, na piscina, foi o primeiro a terminar o “serviço” com a mulher e passar então a se dedicar ao uísque e ao pó. Logo em seguida, o Guilherme chega na piscina com sua acompanhante. Ficam lá conversando, esperando, esperando e nada do Beto terminar. Resolvem, então, fazer um favor ao amigo e mandam para dentro da suíte as duas moças que já haviam acabado o serviço. Esperam elas entrarem e tornam a esperar, esperar, esperar... o Beto começava a ganhar fama de atleta:

- Mas o Beto, hein? Parecia que estava caindo de bebum e tá lá, dando conta de três...

- Achei que ele estava mais para lá do que para cá.. impressionante!

Nisso, são interrompidos na conversa por gritinhos vindos de dentro da suíte. Um “Ai, ai, ai, ui, ui, ui” que precisava ser conferido de perto. Os dois correm para a porta do quarto e quando abrem não conseguem conter o riso. Sentada numa ponta da cama, uma das pervas lê calmamente uma “Contigo” que estava na bolsa da amiga. Outra segurava nas mãos uma parte da anatomia do Beto que estava mais para “deitado eternamente em berço esplêndido” do que “gigante pela própria natureza”. Muito sem jeito, a moça olhava com cara de quem cogitaria seriamente usar o desfibrilador no pingolim do Beto para ver se ressuscitava, se tal tecnologia fosse disponibilizada em motéis. O Beto já estava, de fato, beeeeem mais pra lá do que pra cá, em versão Bela Adormecida, trêbado, falando um monte de besteiras e, literalmente, babando. E, finalmente, a última das profissionais pulava com a mão no joelho, que sangrava por ter sido batido com força na quina da mesa e era, afinal, o motivo de tantos gritinhos.

O Beto, como não se lembra de nada, mal sabe que esteve a segundos de ser considerado um grande atleta da alcova. Ao invés disso, hoje ele é mencionado como sendo “um homem que faz a mulher gemer”. Para bom entendedor, isso basta...

Quem é doido de ter uma “performance” dessas?

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