25 de abril de 2006

Escreveu e não leu...


O argumento de que não há melhor forma de aprender a ler e a escrever do que a prática constante ganhou força com a divulgação de uma pesquisa que mostra que o nível de habilidade de leitura e escrita da população carcerária de São Paulo é maior do que a média brasileira. Isso mesmo que meus 13 leitores leram: os presos de SP têm um melhor domínio da língua portuguesa, nossa combalida e frágil última flor do lácio, do que o restante dos brasileiros.
É natural que, com tempo sobrando e isolados, os detentos procurem formas de se comunicar com o mundo exterior e dele receber notícias. E as cartas, jornais e revistas são uma excelente forma de fazê-lo. Daí que desenvolvam uma habilidade acima da média, nada mais natural. O hábito de escrever e ler é músculo que atrofia quando não exercitado constantemente, o que não é tão fácil para quem não tem tanto tempo livre quanto os presidiários ou acesso aos meios de informação, como a esmagadora maioria da população nacional.
Não deixa de ser um alento saber que, mesmo entre os presos, pessoas de menor grau de instrução e educação, é possível fazer com que hábitos tão sadios quanto ler e escrever se desenvolvam. Imaginemos o que poderia acontecer se o resto da população recebesse incentivo para ler mais e escrever mais. Poderiam ler jornais, saber com detalhes o que está acontecendo no governo, no congresso, nas assembléias legislativas, nas câmaras municipais. Pensando bem, talvez seja por isso que eles não recebem incentivo nenhum. Para um político, especialmente um medíocre, um povo bem informado é uma temeridade...

Quem é doido de não gostar de ler e escrever?

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