3 de outubro de 2006

Num dia de domingo

Como foi um domingão obviamente cheio de fortes emoções, vamos pela ordem:

Que negócio muito doido esse acidente com o Boeing da Gol e o Legacy da Embraer, hein? Muita água já passou por debaixo dessa ponte no fim de semana e muita ainda vai passar. Menino fissurado em aviação que fui, filho de um outro aficcionado, falava sobre o assunto com meu pai na manhã seguinte ao acidente e dizíamos que, dadas as circunstâncias, parecia praticamente impossível que alguém não tivesse feito besteira. Quando um avião vem na direção norte-sul a 10.000 metros de altura e um outro viaja na direção sul-norte na mesma altitude e mesma rota, alguém aí fez o que não devia. Ou alguém no controle aéreo errou ao deixar os dois na mesma rota e altura ou um dos dois pilotos (ou ambos) desobedeu as instruções do controle. Não há outra hipótese. Começo a ficar muito preocupado com as notícias de que os americanos que estavam no Legacy teriam desligado a aparelhagem que detecta outros aviões para poder voar mais alto e economizar combustível. Se for verdade, o piloto e o co-piloto serão responsáveis pelo acidente e por todas as 155 vítimas que dele resultaram. O piloto, pela ação e o co-piloto, pela omissão (sua obrigação, neste caso, seria assumir o controle do avião, seguir as orientações dadas e reportar o fato às autoridades). Sendo verdade, cadeia até o fim da vida ainda seria pouco para uma tamanha irresponsabilidade. Mas eu ainda acredito na seriedade e no bom treinamento dos pilotos em geral. Se bem que “cowboys” serão sempre “cowboys”...


Na corrida da madrugada, negócio da China para Schumacher. A vitória foi linda, na garra, ganhou quem teve mais bala na agulha e é inegavelmente um prazer ver um piloto como o Schummi brigando com a molecada como se fosse um garoto. Apesar dos pesares, vai ser chata a F-1 sem o tedesco...
Barrichello, peça para ir ao banheiro e suma! Até porque o banheiro é o lugar certo para fazer o que você anda fazendo. A última volta da corrida foi algo que, fosse o Barrica japonês, o levaria a perder a superlicença para dirigir na Fórmula-1. Vinha levando ligeira vantagem sobre o companheiro de equipe, bastava não cometer nenhum erro. Mas isso é pedir muito para o Rei das Desculpas, né não? Se atrapalhou, deixou o Button passar, ficou nervoso com a merda que fez e aí começou a fazer mais ainda. Ficou encaixotado, não soube pra onde ir e acabou batendo no Heidfeld, que nada tinha a ver com o fato do Barrica ser um idiota. Ainda conseguiu chegar em sexto, mas alguém acha que ele mereceu?
Repito: já foi, já deu, se aposenta, Burrinho!


Finalmente, eleições. No sábado, quando fui dormir, Lula e Paulo Souto seriam eleitos no primeiro turno. No domingo, à mesma hora, Jaques Wagner era o novo governador da Bahia e Lula se preparava para o segundo turno. Será que eu dormi demais e perdi alguma coisa? Perdi nada. Quem perdeu mesmo foi um certo político nordestino que, para não ser identificado, tratarei apenas pelas iniciais ACM (meus 13 leitores sabem que eu sou muito discreto e não gosto de tripudiar...). Foram 16 anos de mandos e desmandos e muita gente mamou até quando pôde nas tetas de uma Bahia que fez a alegria deles durante todo esse tempo. Muitas fortunas foram feitas (inclusive para alguns deputados) e muita gente estava no esquema, que funciona nos moldes criados na Sicília pela máfia: quem quiser fazer alguma coisa na minha área, pode fazer, é só pagar a parte do “capo”. E assim, “capo” e subordinados ficaram felizes durante 16 anos. Agora, é começar de novo. Vamos ver. Começa a se ouvir um clamor pela volta do verdadeiro nome do Aeroporto de Salvador: Aeroporto Internacional Dois de Julho. Há promessas de apresentação de projeto de lei propondo a volta do nome. Desde já, têm meu apoio.

Ventos de mudança. Podem se transformar em ventos de tempestade? Podem, claro que podem. Mas deixem eu curtir esse ventinho por enquanto, que tá bom demais!


Quem é doido de não achar bom o fim de uma ditadura?

Nenhum comentário: