13 de junho de 2009

Shopping Iguatemi: se o mundo tem cu, o cu é aqui


Nos últimos 10 anos, sou capaz de contar nos dedos as vezes em que tive, por uma razão ou por outra, que ir ao Shopping Iguatemi. Sempre fico me perguntando porque é que não vou mais. Isso, claro, até a hora em que entro no estacionamento. Aí me lembro. E lamento ter tomado tal decisão.

Ocorre que há por lá um novo restaurante (que, se você não sabe qual é, eu também não vou dizer porque não estou ganhando nada para isso) que minha digníssima "senhoura" quis conhecer. Na falta de filial em local mais aprazível, fomos. Já no estacionamento eu fiquei surpreso: como é que tem gente que se submete a semelhante tortura num sábado? Não é nem questão de falta de cortesia.É guerra, mesmo. Um motorista de kombi mandou uma senhora para aquele lugar, em resposta à tal senhora, que o convidou a fazer com que fosse preenchida sua região glútea. Umas gracinhas. Enquanto discutiam, surgiu como por mágica uma vaga que ocupei rapidamente. Primeira batalha vencida, sem a necessidade de disparar um único tiro. Outras viriam.

Dentro do shopping, o desafio é andar sem que ombros pouco educados dêem encontrões doloridos nos seus, o que nem sempre é fácil. E quando não é possível evitar, não espere um pedido educado de desculpas. Só faltam dizer "se não guenta, pra que veio?". E tome outra ombrada.

Chegamos enfim ao restaurante. É até gostoso. Preços de shopping paulista. Shopping caro! Mulheres tentando parecer socialites acompanhadas de suas babás almoçam tranquilamente enquanto as referidas babás olham, com cara de famintas, para o prato na mesa, já que não lhes foi oferecido um igual. O mundo é cão. Vai ver que as "madames" gastaram tanto tentando parecer finas que se esqueceram de guardar dinheiro para a alimentação dos funcionários. Viva a "elite" soteropolitana, que anda de Pajero jogando latinha de cerveja pela janela e ouvindo chicretão.

E aí, a cereja do bolo. Resolvemos, já que estávamos no inferno, abraçar o capeta: um cineminha seria um final agradável para a tarde. Compramos ingressos e, como havia tempo, fomos tomar um cafezinho para passar a meia hora até o início da sessão. Entramos no cinema faltando dez minutos para o filme. A cena do lado de fora das salas era semelhante ao que eu imagino ser o inferno: uma horda adolescente misturada a alguns tipos que, tenho certeza, devem fazer parte da fauna que habita os domínios de satanás. Era difícl tentar adivinhar se havia mais pipoca no chão ou naqueles verdadeiros containers que as pessoas tinham nas mãos. Provavelmente, alguns não estavam acostumados a comer em recipientes, por isso, na falta de cochos, jogavam no chão, para se sentir mais à vontade degustando suas pipocas. Naquele momento em que acompanhei com os olhos o tamanho da fila e o tipo de gente (na falta de definição melhor) que dela fazia parte, decidi que não entraria naquela sala nem se me dessem uma máscara de proteção e garantissem que, fechadas as portas, seria dispersado um gás venenoso que mataria a todos (seria tentador assistir tal cena, mas nada pagaria os momentos em que todos estariam vivos, antes do gás fazer efeito...). A porta (porteira?) da sala foi aberta e a boiada entrou. No chão, vítimas imoladas da selvageria, jaziam pipocas. Muitas. E isso ainda na fila para entrar na sala. De fora da sala, ouvia-se vindo de dentro as manifestações de que o homem é, sim, um animal. Nem sempre racional. Não foi necessária muita argumentação para convencer o gerente a endossar os ingressos para que o dinheiro fosse devolvido (e mesmo se não fosse, nada me faria entrar naquela sucursal do inferno).

Fim de uma tarde agradável no shopping "mais charmoso" de Salvador, não sem antes presenciarmos mais uma cena de quase-pugilato no estacionamento.

Será que o Osama não teria interesse em acabar com mais um símbolo do capitalismo? Se precisar das coordenadas, pode pedir!

E fica o título deste post como sugestão de um novo e infinitamente mais adequado slogan (merece até uma marquinha, hein, Gabiru?) para este templo do consumo (e que me perdoem os mais sensíveis entre meus 13 leitores pelo vocabulário de baixo calão, acho que o nível mental da gente tende a baixar ao frequentar este tipo de lugar). Podem usar à vontade. Ao contrário de tudo que existe lá dentro, este é de graça. Shopping Iguatemi: se o mundo tem cu, o cu é aqui!


Quem é doido de frequentar o Shopping Iguatemi de Salvador?

3 comentários:

Anônimo disse...

Hoje também fui ao shopping, quase fui ao Iguatemi, mas desisti e fui no Salvador, me lembrei a tempo do cineminha básico que peguei lá e a vontade que deu de fazer como aquele estudante de medicina, também baiano, e metralhar meio mundo de gente.
Ô terrinha cu.

Leitor Internacional disse...

Rapaz eu odeio o Iguatemi exatamente pelo que você descreveu. To fora.

salvatore disse...

cinema no iguatemi sabado de tarde? impossivel. pior que a hiperlotação é a hiper falta de educação do povo.