18 de julho de 2007

O dia em que o Dr. Olavo desistiu de voar


Corriam os anos... os anos.. ah, sei lá, só sei que faz tempo, os aviões no Brasil ainda eram a hélice e viagens de avião ainda estavam longe, muito longe de poderem ser consideradas coisas corriqueiras. Devia ser 1940, 1950, por aí. No aeroporto da Pampulha, um jovem jornalista preparava-se para sua primeira viagem nessas grandes máquinas voadoras, com destino ao Rio de Janeiro. Pouco a pouco, a fila para embarcar no avião ia diminuindo e ele ia vendo a porta da aeronave ficar maior à medida em que ia chegando a sua vez. Uma grande angústia começava a fazer com que ele ficasse nervoso. Finalmente, quando se viu frente a frente com a comissária, naquela época ainda chamada de aeromoça, tomou uma decisão radical:

- Tó, pode ficar com esse tal cartão de embarque que eu não vou entrar nesse troço, não!

E, de fato, não embarcou. Em casa, ouviu a notícia de que o avião onde deveria estar caiu e matou todos os seus ocupantes. Tomou um medo de avião que só foi superado muitos anos depois, já na época dos Boeings, antes do apagão aéreo, com a mui nobre finalidade de conhecer Paris (para Henrique IV, Paris valia uma missa; para ele, valeu um vôo de avião...). E morreu velhinho, mais de meio século depois disso, com os dois pés bem firmes no chão. Era meu avô. Graças a este pressentimento que ele teve, hoje este blogueiro tem mãe, filha do então jovem jornalista, e pode escrever para seus 13 leitores. Lendo as histórias de alguns passageiros que escaparam de voar no fatídico avião da TAM que este insensível confesso transformou em piada no post anterior, lembrei-me que também eu devo a uma dessas coincidências o fato de estar aqui, vivo. Bendito pressentimento o seu, Vovô! Quem dera ontem todos tivessem tido um pressentimento que pudesse salvar suas vidas...

Quem é doido de não ter uma saudade danada do "doutor" Olavo, que escapou de um desastre de avião para se tornar um grande avô, grande pai e grande homem?

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