8 de setembro de 2009

Revoltado com a "revolução"


Dia de parada, no 7 de setembro às vezes eu fico assistindo aqueles chatíssimos desfiles só pra ver se consigo ver os pracinhas, os caras que lutaram em 1944 na II Guerra, por quem tenho uma grande admiração. Aliás, estudar a II Guerra, se meus 13 leitores desconhecem o fato, é um passatempo que adoro e que frequentemente me fazem ser incluído na pouco recomendável categoria que frequentam malucos, nerds e porras-loucas do gênero. Convenhamos, é mesmo um passatempo meio típico de senhores de 70 anos, talvez. Mas nem por isso menos interessante. Cada louco com sua mania...

Pois estava eu lá, assistindo o desfile das unidades, esperando os pracinhas, quando, de repente, ouço na voz do locutor oficial algo sobre a presença de alguma unidade que teve atuação destacada na "revolução de 31 de março".

Para tudo!

Revolução de 31 de março??? Sem querer parecer burro, procurei em muitas fonte alguma revolução que tivesse tido lugar num dia 31 de março e não fui capaz de achar. Depois, fiquei pensando: será (será?) que algum ensandecido por acaso confundiu a data do golpe de 64 com uma revolução? Sim, porque a única coisa digna de nota a acontecer num 31 de março (embora o dia Primeiro de Abril tivesse sido mais apropriada) foi aquela patética quartelada acontecida em 1964, que depôs um presidente constitucionalmente eleito e empossado e iniciou uma longa noite de treva e medo que só acabou em 1985. Mas aí imaginei que só posso estar mesmo ficando louco. Imagina se alguém ia ter o desplante de confundir um golpe de estado com uma revolução! Bobagem.

Pode ser só preciosismo da minha parte, mas eu gosto de chamar as coisas pelo nome certo. Pão é pão, queijo é queijo, revolução é feita pelo povo e golpe de estado é quando o exército derruba um presidente. Ponto.

Desliguei a televisão no segundo seguinte àquele em que ouvi tal sandice. Mas em todo caso, se eu fosse o Luís Inácio (uia, companheiro, já me sinto mais idiota só de me imaginar o Luís Inácio...), mandava demitir ontem mesmo o engraçadinho que escreveu (cometeu?) tamanha imbecilidade num texto a ser lido num ato público, com a presença do presidente, ministros e outras autoridades que frequentaram, na condição de presos políticos, os porões que a tal "revolução de 31 de março" criou. No mínimo, é brincar com o perigo...

Ainda dá tempo, Luís Inácio! Mostra quem é o comandante-em-chefe desse exército onde, infelizmente, ainda há saudosistas do tempo dos gorilas! Demite quem escreveu isso! Na hora! E por justa causa!


Quem é doido de não se revoltar com um cretino chamando golpe de revolução? E quem é doido de não achar que esta democracia, com todos os seus defeitos, é MUITO melhor do que uma ditadura?

Um comentário:

salvatore disse...

Tem muita gente que ainda se refere ao Golpe como Revolução.