26 de maio de 2009

Esteira ergométrica: uma viagem sem ida




Vamos encarar os fatos friamente, sem meias-palavras: o sujeito que chegou hoje em casa, todo feliz, com sua nova esteira ergométrica, imbuído do mais sincero objetivo de mudar de vida, mudar de atitude e ser, finalmente, um cara atlético e/ou em forma é o mesmo cara que daqui a um tempo que se situa entre um e seis meses (dependendo do ânimo inicial) irá descobrir-se dono de um mal-ajambrado cabide, onde roupas esperarão a sua vez de ir para o armário e objetos irão se acumular dando à sua outrora imponente esteira ergométrica, velha companheira de uma vida nova que nunca veio, um destino semelhante ao destino de suas congêneres pelo mundo, a menos que elas estejam instaladas numa academia (neste caso, há um revezamento de ânimos, mas repare que o sujeito que estava nela há alguns meses já foi susbtuído por outro e este por outro e assim vai... a esteira é a mesma, mudam os caras em cima dela, substituindo-se os de ânimo arrefecido pelos recém-chegados de ânimo renovado). Me desculpem se algum (ou alguns) entre meus 13 leitores se encontra(m) entre os adeptos de tal tipo de tortura, mas esteira ergométrica é, literalmente, uma viagem sem ida. Sem-graça, desestimulante, desinteressante e, ainda por cima, perigosamente parecida com aquele estranho motor da arca do Zé Colméia, onde o gorila Maguila corria em cima de uma dessas a fim de garantir à arca o movimento de suas hélices. Quando precisavam de mais força, baixavam um cacho de bananas em frente ao pobre gorila e ele punha-se a correr mais. Sempre achei que as pessoas ficam com cara de Maguila correndo em esteiras.
E se meus 13 leitores acham estranha essa súbita menção a esteiras ergométricas é porque acabo de descobrir que elas também são perigosas. E muito! A filhinha do boxeador Mike Tyson foi encontrada enforcada por um cabo de uma dessas famigeradas esteiras e encontra-se entre a vida e a morte num hospital (veja a notícia aqui). Mike Tyson já ficou de ter uma "conversinha" com a homicida em potencial e promete dar-lhe um corretivo. Se depois disso alguém ouvir falar em uma esteira ergométrica sem orelhas...

Por isso, se você quer mudar de vida, entrar em forma, mudar seus hábitos e se tornar uma nova pessoa, aproveite essa enorme esteira ao ar livre que tem em frente ao mar chamada orla marítima (se na sua cidade não tem orla marítima, certamente há de ter ruas. Se não tiver nem rua, deve ter ao menos uma chave... para fechar tudo e se mudar daí...) e mude de vida e de hábitos sem precisar empatar seu dinheiro num aparelho desnecessário, enfadonho, cujo destino é tornar-se um "cabide fitness" e que pode ainda machucar seriamente as pessoas. Corra de esteiras ergométricas. Mas corra na rua, mesmo, que se correr numa delas, além de não sair do lugar, você ainda ficará parecido com o Maguila (o gorila, não o boxeador). Vai uma banana aí?


Quem é doido de correr, correr e correr sem sair do lugar?


Adendo em 27 de março: conforme bem lembrado por um de meus 13 leitores, a menina, que Deus a tenha, não resistiu à sanha assassina da esteira e veio a óbito. Mas o Gilmar Mendes já deu um habeas corpus para a esteira e ela não deve ir para a cadeia...

2 comentários:

Anônimo disse...

Já tive uma esteira ergométrica que obviamente se transformou em cabide, mas era um cabide com design pouco funcional e acabei doando-o. Provavelmente está pendurando outras roupas em outra residência.

Leitor Internacional disse...

Concordo plenamente. Além da esteira, ainda tem a bicicleta ergométrica, outro cabide fitness. O negócio é correr na Orla, de preferência na Av. Oceânica.

Pobre garotinha, veio a falecer. RIP.

Abcs