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Corria o já distante ano de 1997 e, em um domingão de sol em BH, disputávamos espaço no sofá eu, o Dino e o Frederiech, enquanto na pista de Jacarepaguá eram disputadas as 400 Milhas do Rio, evento de estréia da F-Indy no Brasil. Lá pelas tantas, passava um daqueles vídeos do piloto falando sobre a prova, que entrava em um quadradinho no canto da tela quando a prova estava muito chata. Como o líder era o André Ribeiro, tome-lhe vídeo do André falando. E eis que o olho de lince do Fred pega o detalhe:
- Ih, esse cara escorrega...
A declaração suscitou polêmica:
- Quiquié isso, Fred, o cara é piloto. Já viu viado em automobilismo?
- Imagina, Fred, o cara ia ser execrado...
Nada convenceu Frederiech, o Obstinado, do contrário. O cara escorregava, para ele estava claro e não importavam argumentos em contrário:
- Escuta a vozinha do cara! Isso é voz de homem?
Lembramos a ele que o Senna também não convencia pela voz, mas não teve jeito:
- Outro boiola...
O Fred foi verdadeiramente massacrado por uma série de argumentos que provavam, na minha opinião e na do Dino, que automobilismo não era definitivamente um meio adequado a um sujeito com tendências a apreciar pistões. E estávamos quase convencendo o Fred de que isso era impossível quando o André vence a prova. Hurras, vivas, arquibancadas comemorando e chega o Luiz Carlos Azenha para entrevistar o André. Faz aquela pergunta totalmente Glória Maria, "Qual é a emoção de ganhar em casa, no Rio?". E aí, ele me sai com essa:
- Ai, Azenha... dá um formigamento por dentro...
Não tivemos como não olhar para a cara do Fred, triunfal depois de uma declaração como essa do André, com aquele sotaque de paulista e num tom de voz absolutamente afetado (pela emoção, claro...). O Dino foi quem quebrou o silêncio:
- É, Fredão... pode ser... formigamento por dentro é demais!
Quem é doido de dizer que tem formigamentos por dentro?